sexta-feira, 15 de abril de 2005

Tricolor

Quarta-feira fui ao Morumbi para assistir o jogo do São Paulo, como tenho intenção de fazer em todos os jogos do time na Libertadores. Jogo ruim, devo admitir. O time começou nervoso, o Quilmes ia "cozinhando" a bola até chegar próximo à área do time e conseguir algum avanço. Ao final do primeiro tempo, um jogador do time adversário cai no chão, uma confusão se monta e são expulsos dois jogadores, um de cada time. Pelo São Paulo, o expulso foi o Grafite. Na hora imaginei que fosse a volta dos problemas com o racismo.

O segundo tempo acontece, o jogo melhora com um jogador a menos de cada lado. O time ganha mais volume de jogo, faz bons ataques e vence o jogo por 3 x 1, perdendo algumas oportunidades de gol, mas foi um resultado justo. Ao final da partida, nova confusão. Não entendi muito bem o que aconteceu, estava saindo do estádio, ficou por isso mesmo. Quando entro no carro para voltar para casa, a confirmação do que esperava: as confusões foram por racismo.

Não podia concordar mais com a ação do Grafite em denunciar a atitude do zagueiro argentino. Não foi a primeira vez que aconteceu e as imagens mostraram bem que a maneira como ele foi chamado de negro, não foi a defendida pelos argentinos como "carinhosa". O zagueiro claramente ofende o atacante e, mais tarde, em seu depoimento à polícia, confirma o que disse e diz que não se arrepende de tê-lo feito.

Acho ainda impressionante que existam membros da imprensa (tanto nacional quanto internacional), que defendam o zagueiro, afirmando que o que se fala em um campo de futebol, fica por lá. Concordo em parte. Jogo futebol também, a bastante tempo, e sei que algumas coisas, xingamentos, discussões, ficam em campo. Não coisas como as ofensas proferidas pelo zagueiro. Declarações extremamente racistas, que depreciam uma pessoa, ofendem sua moral, humilham.

Mas fico contente que a grande maioria defenda Grafite, apóie sua atitude, e o estimule a continuar com o processo até o final. O jogador argentino permanece preso e, cada vez mais, mostra saber o que fez e as consequências que poderá sofrer. Espero que não saia impune e que, apesar do apelo argentino, sim, sirva de exemplo para que exemplos de racismo ao redor do mundo não aconteçam mais.

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