terça-feira, 2 de setembro de 2008

Caso Robinho

Vou escrever de novo sobre futebol aqui, ando sem assuntos mais genéricos e que agradem à mais pessoas do que futebol, infelizmente. Até podia falar sobre bolsa de valores, mas acho que isso é ainda menos agradável à maioria do que futebol. Resolvi falar sobre algo que realmente me surpreendeu, de maneira negativa, nesses últimos dias, que foi o caso do Robinho no Real Madrid.

Robinho surgiu no Santos jogando um belo futebol, digno de ser chamado de craque mesmo. Carregou o time nas costas por dois ou três anos (não me recordo direito quanto tempo), até que começaram a surgir especulações sobre sua saída. Então surge a figura de Wagner Ribeiro, seu empresário. Traz uma proposta do Real Madrid, boa, mas aquém do que o Santos esperava pelo atleta. Então, faz a cabeça dele para que pare de jogar e treinar até que o clube aceite a proposta. A negociação acontece.

No Real Madrid, apesar de toda a pompa e expectativas com relação ao atleta, ele nunca mais demonstrou o que jogava por aqui. Evoluiu em aspectos táticos, muito bom, mas perdeu o que mais se esperava dele, que era partir para cima dos adversários, usar sua habilidade. Passou a ser um jogador mais burocrático, virou comum. Parte disso credito aos técnicos europeus não saberem posicionar um jogador do tipo dele, que tem que jogar aberto pela ponta, com uma grande dose de liberdade no time.

Neste ano, cansado de não ser titular, com expectativas (não sei de onde) de ser eleito o melhor jogador do mundo e com Felipão no Chelsea, vê a possibilidade de sair do clube para jogar em outra grande equipe. Seria uma bela chance, pois já trabalhou com o técnico e é um técnico brasileiro, que facilitaria sua vida. O Chelsea faz suas propostas, mas não consegue entrar em acordo com o Real Madrid pela transferência.

Começa então o show de bizarrices. Robinho, em atitude das mais sem caráter, fala repetidamente à imprensa sobre seu interesse em sair, por não ser titular, por querer ser o melhor do mundo. O Real reage, através de seu técnico e diretoria, assegurando que lhe dariam as condições para que ele pudesse desempenhar seu melhor futebol e que não o venderiam, pois a proposta não era boa. O Chelsea tenta se aproveitar da situação, dizendo que chegou ao seu máximo, que não poderia subir mais a oferta. Robinho convoca uma coletiva de imprensa, dizendo que está descontente, que o clube deveria deixá-lo ir, que não é uma atitude profissional. Surge uma proposta do Manchester City a uma hora do fechamento da janela de transferências, e Robinho fecha sua saída.

Como não se impressionar com essa situação? Robinho, ao invés de sentar e conversar com a diretoria e o técnico sobre sua situação, fala diretamente à imprensa e se surpreende com o clube ter uma atitude negativa à seus pedidos. Wagner Ribeiro repetidamente forçou a saída do atleta, buscando clubes interessados. Conseguiu irritar até a diretoria dos times interessados com suas atitudes. Parabéns aos dois. Conseguiram o que queriam. Robinho vai jogar num time de segundo escalão da Inglaterra, ganhar rios de dinheiro (acho que era só isso o que importava mesmo), onde definitivamente não será o melhor do mundo. Aliás, acho que isso nunca vai acontecer mesmo. Robinho devia engraxar a chuteira de Cristiano Ronaldo antes de pensar em ser o melhor do mundo. Não só pelo futebol, mas pelo caráter também.