segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Pirataria

Sou assinante do jornal "O Estado de São Paulo", publicação que oferece às segundas-feiras um caderno sobre informática, chamado "Link". A um tempo este caderno é uma porcaria, só publicando reportagens sobre produtos inúteis, que mais parecem propaganda do que algo construtivo em si. Mas hoje o caderno me surpreendeu, e colocou em sua capa uma reportagem abordando o assunto pirataria.

O que mais me agradou foi a abordagem, além do conteúdo bastante interessante. A abordagem adotada foi mostrar que as leis que regem o mercado fonográfico e de mídias digitais no Brasil precisam ser revistas, pois se mostram ultrapassadas. De maneira alguma a reportagem incita à quebra das leis ou promove a pirataria, apenas visa mostrar que, da maneira atual, 95% das pessoas que fazem uso de música, softwares e afins são piratas.

Um exemplo simples é o do uso de tocadores de MP3. Nos Estados Unidos há uma permissão, chamada cópia privada. Se compramos uma mídia (música no caso citado), temos direito de fazer cópias para nosso uso próprio, uma vez que já pagamos pela mídia. Não nos dá direito a distribuí-la a outras pessoas, apenas para uso próprio. Sendo assim, podemos comprar um cd e colocar as músicas para ouvirmos em nossos tocadores de MP3. Isso é um mecanismo que não é permitido no Brasil.

Eu particularmente vejo a pirataria como algo que pode ser benéfico. Deve ser combatida, sem dúvida, mas creio que ela mostra ao mercado que certas distorções devem ser corrigidas. Por exemplo, é ridículo pagarmos 500 reais em um pacote de software, que vem cheio de papel de propaganda e inúmeras coisas que não utilizamos. Ok, há as alternativas gratuitas, mas não tem uma que preste e não são padrão de utilização.

No caso da música, creio que realmente temos uma situação crítica, tenho inúmeros amigos que vivem com músicas novas e não se recordam do último cd pelo qual pagaram. Mas acho que, além de uma indicação do valor elevado de um cd, mostra também que deve-se desenvolver um novo modelo de negócio para a música. A banda Radiohead por exemplo, tomou uma iniciativa interessante. Um de seus cds (não estou certo sobre ter sido o último) foi vendido em seu site, pelo preço que as pessoas quisessem pagar. Só não poderiam pagar abaixo de 2 dólares, pois essa era a taxa que tinha de ser paga à operadora de cartões de crédito. A média de preço obtida foi cerca de 15 dólares, próximo ao preço de prateleira do cd.

A pirataria exacerbada atualmente creio que vem mostrar ao mundo que tivemos uma mudança muito rápida, e que talvez não tenhamos nos adaptado a algumas mudanças. Certamente nos próximos anos deveremos ter mudanças de paradigmas interessantes nos negócios, principalmente na música e software.